Visita à exposição CORDURA, de Cláudio Damasceno

Segundo definição do próprio artista, a exposição intitulada Cordura, apresenta: “a cordialidade do ser e a dureza da cor”.

Confesso que ao chegar à exposição e constatar o título que lhe fora dado, senti uma certa estranheza!!! O que seria uma cor dura? Foi aí que passei a observar os trabalhos e acho que comecei a entender o porque do título. As obras são gravuras, pelo que entendi feitas a partir de colagens e bricolagens que foram posteriormente digitalizadas. Foram usadas apenas as três cores primárias: vermelho, amarelo e azul. Fui olhando cada imagem e percebi que a dureza da cor se dá no fato de que em nenhum momento essas cores se misturam, formando uma terceira cor. Talvez daí tenha surgido a idéia do título, sei lá....só senti curiosidade e estou aqui a viajar em minhas idéias em busca de uma resposta. O fato é que sejam elas cores duras ou não, gostei muito do que vi. Senti falta apenas de títulos para cada gravura, porém, talvez essa ausência de títulos nos permita mergulhar mais a fundo em cada obra em busca de entendê-la melhor.

Achei muito interessante o fato de que apenas usando três cores, Cláudio Damasceno conseguiu deixar a exposição totalmente colorida. Não ficou nenhum pouco cansativo ficar olhando constantemente para vermelhos, amarelos e azuis! Cada imagem tem sua particularidade, seu encanto, mesmo tendo todas as mesmas cores. A mudança de combinações permitiu isso. É um trabalho gostoso de se ver. Peguei-me várias vezes tentando imaginar o que era cada imagem daquela, como fazia com as nuvens quando ainda bem pequena. 

Através das gravuras foi possível lembrar do que vimos em sala de aula, em Fundamentos da Linguagem Visual. Confesso que me vi ali, tentando analisar as imagens no que diz respeito à contraste, harmonia cromática, tensão e equilíbrio, atração/agrupamento, expansão e contração, enquanto lembrava das palavras de Dondis: “elementos claros sobre fundo escuro parecem expandir-se, ao passo que elementos escuros sobre fundo claro parecem contrair-se”. (DONDIS,2007, p.49). Foi uma sensação interessante! Parece que o alfabetismo visual vai começando a se tornar realidade.